Suzenalson Kanindé defendeu a dissertação “Um Museu Indígena como Estratégia Interdisciplinar de Formação entre os Kanindé no Ceará”, pelo Mestrado Interdisciplinar em Humanidades (MIH), no último dia 27, tornando-se o primeiro estudante indígena a defender dissertação na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
A dissertação, aprovada com louvor e indicada para publicação no formato de livro, parte da premissa de que o povo indígena Kanindé “tem atuado na apropriação de um processo museológico, protagonizando a construção de um museu, um espaço de memória e centro de documentação em seu território, onde este espaço tem assumido um importante papel na luta e resistências do povo, ao se constituírem em um potente espaço de reivindicação de uma educação diferenciada, de valorização dos processos tradicionais de transmissão de conhecimento, de afirmação étnica, de construção de autorrepresentação e contranarrativas, de produção, difusão cultural e de luta pela demarcação do território, produzindo um processo de autonomia”.
De acordo com o pesquisador, a pesquisa demonstra as experiências que se entrelaçam diretamente aos processos museológicos próprios dos Kanindé, em Aratuba/CE, na região do Maciço de Baturité, em busca do direito a uma memória indígena preservada. “Atualmente, o envolvimento do povo Kanindé nesse projeto de construção de um espaço específico que represente a sua cultura tem sido em torno de uma consciência sobre a importância de se preservar seus ritos, saberes, fazeres e ecossistemas presentes em seu território”, afirma.
A banca examinadora foi composta pelos professores da Unilab Roberto Kennedy Franco (orientador) e Rhuan Carlos Lopes (coorientador) e pelos professores externos Alexandre Gomes (UFPE) e Marília Cury (USP).
O orientador da pesquisa, Roberto Kennedy Franco, ressalta que a presença de Suzenalson Kanindé na Unilab faz parte da política de ingresso desenvolvida pelo Mestrado Interdisciplinar em Humanidades (MIH) por meio do Processo Seletivo Específico para Quilombolas e Indígenas. “Fruto da luta dos movimentos sociais, a história da educação da Unilab é inspirada pelos princípios da integração, cooperação e interculturalidade entre o Brasil e demais países falantes da língua portuguesa, especialmente os países africanos. Neste sentido, a oportunidade de inserção de indígenas na graduação e pós-graduação na Unilab é um ato político fundamental que se agrega aos 521 anos de lutas e resistências dos povos indígenas por terra, trabalho, educação, saúde, alimentação, entre outros meios mínimos necessários à produção da vida para além dos ‘historicídios’ que se articulam com as violências de classe, raça, gênero, etnia e diversidade sexual, praticadas em nome da fé e da ganância de lucros da expansão mercantilista colonial/capitalista”, pontuou.
Nascida como instituição brasileira de caráter transnacional, a Unilab está inserida no contexto de internacionalização e interiorização da educação superior no Brasil. As Políticas de Ações Afirmativas para o ensino, a extensão e a pesquisa se realizam via editais que promovem o ingresso e a permanência de indígenas, negros, quilombolas, ciganos, povos e comunidades tradicionais, refugiados, pessoas com deficiência, pessoas com identidades trans e pessoas em situação de privação de liberdade ou egressas do sistema prisional, conforme preconiza a Resolução do Conselho Universitário nº 40, de 20/08/2021.
Comentários
Postar um comentário