Dia de índio é todo dia
Nesta data tão especial dedico um pouquinho de meu Tempo que resta para descrever o que sinto em ser índios, e em especial ser índio da nação Kanindé localizada no município de Aratuba diz Nilton Kanindé.Ser índio não é fácil, o preconceito nos rodeia a cada passo que damos, mas nunca baixamos a cabeça e jamais negamos nossas raízes que nossos antepassados viveram e sofreram para que nossa historia continuasse viva. Na verdade seria uma grande covardia nos calarmos e deixasse essas vivencias somente na memoria, pois o bom é vivenciar, preservar e repassar para as novas gerações.
No imaginário de muita gente o índio é aquele indivíduo que mora na floresta, vive apenas da caça, da pesca e algum tipo de coleta. Mas será mesmo essa a realidade indígena brasileira? No Brasil, somos hoje em torno de 305 etnias indígenas, falantes de 274 línguas indígenas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a população indígena é estimada em 896.900 mil indivíduos, o que corresponde a 0,4% da população brasileira. No passado éramos muito mais. De acordo com o Professor Aryon Rodrigues em um artigo denominado “Línguas indígenas: 500 anos de descobertas e perdas”, publicado em 1993, éramos em torno de 5 milhões falantes de cerca de 1.200 línguas distintas.Portanto pra mim ser índio Kanindé é:Ser Índio é amar a natureza, respeitá-la, sabendo que dela sai o seu alimento;
Ser Índio é viver feliz andar nas matas em buscar aventuras;
Ser Índio é pescar, caçar e ser feliz;
Ser Índio é não ter vergonha e ter orgulho de si e enfrentar o inimigo;
Ser Índio é agradecer ao Deus Tupã pela terra, pelo sol, pela chuva e pela vida;
Ser Índio é chegar a homem branco e dizer: "eu sou Índio com muito orgulho".
Ser Índio é ser livre e viver em paz.
Ser Índio é isso tudo e muito mais. É não ter vergonha do sangue que corre em suas veias.É vencer a discriminação e com muita convicção chegar lá e dizer: "Eu também posso e consegui".Ser Índio é viver a vida, acreditar em simples fatos;
Ser índio é vencer os obstáculos e preconceitos;E por fim ser Índio é ser você mesmo, é ser Kanindé.”
"Origem Histórica do Povo Kanindé"
HISTÓRIA DOS ÍNDIOS KANINDÉS
Curiosidades Históricas -
A revista Caros Amigos publicou mensalmente em 12 fascículos, entre 2000 e 2002, uma coleção intitulada REBELDES BRASILEIROS, dentre os quais figura Canindé, chefe indígena que viveu no Século XVII e que forçou a assinatura de um tratado de paz com o Rei de Portugal Dom Pedro II (Não confundir com D. Pedro II, imperador do Brasil, que viveu quase dois séculos depois).
Em determinado trecho, o fascículo sobre o chefe indígena Canindé explica a origem do nome da tribo dos Canindés. Vejamos o texto da jornalista Fernanda Sposito, autora do fascículo: "Os Janduís, nação indígena que ocupava diversas áreas das capitanias de Pernambuco, Paraíba, Itamaracá e, principalmente Rio Grande (do Norte), eram da etnia dos Tarairiús. Entre os índios dessa etnia havia o hábito de chamar o próprio povo pelo nome de seu líder. Assim, os Janduís (ancestrais dos índios Canindés) adquirem esse nome em virtude do seu antigo líder, Janduí. Quando morreu Janduí, quem o sucedeu na liderança do grupo foi Canindé, guerreiro de destaque. Os índios que descenderam das tribos comandadas por Canindé passaram a se chamar de Canindés, embora continuassem sendo conhecidos pelos portugueses como Janduís".
Mais adiante, Fernanda Sposito traz alguns esclarecimentos sobre os traços físicos e culturais desses nativos: "Os holandeses pintores, cronistas, historiadores deles deixaram vários registros, mesmo porque foram seus aliados quando ocuparam o Nordeste brasileiro. Nesses registros, eles aparecem como homens e mulheres fortes e com o corpo bem desenvolvido. Eram guerreiros temidos por outros indígenas. Lutavam com grandes pedaços de madeira como arma, que era mortal. Tinham rituais de ocupação da terra, que pareciam jogos esportivos, em que alguns deles levavam um grande tronco de árvore às costas, em disparada até o território do qual pretendiam a posse. Iam periodicamente em busca de novos locais para ocupação, pois eram povos nômades, coletores e caçadores. Praticavam a antropofagia ritual, assando os restos de entes queridos e misturando as cinzas à comida".
Pois bem, desse trecho pode-se chegar a diversas suposições: a primeira delas é que, como se tratavam de povos nômades, a tribo dos Canindés pode ter ocupado temporariamente essa região que compreende os Sertões de Canindé, durante o século XVIII, conforme sugerem alguns historiadores.
O pesquisador Francisco Magalhães Karam assegurava que quando os colonizadores portugueses aqui se estabeleceram, o local já se chamava Canindé. Havia recebido esta denominação dos próprios nativos.
COMUNIDADE DA REGIÃO SE DIZ DESCENDENTE DA TRIBO DOS CANINDÉS.
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Ultimamente, uma comunidade que vive na fronteira de Canindé com o município de Aratuba luta para ser reconhecida pelas autoridades como descendentes da famosa tribo dos índios Canindés. A Assembléia Legislativa do Estado do Ceará criou comissão de estudos para reconhecer a comunidade como tal. O jornal Santuário de São Francisco, órgão da Paróquia de São Francisco das Chagas, informa em sua edição de junho de 2001 que em 1738, o padre Ezequiel Gameiro foi encarregado de catequizar 30 casais de Genipapos e 40 casais de Canindés, aldeados na Serra do Uruquê e no Rio Choró. A comunidade que reivindica o reconhecimento seria descendente dos membros desta missão.
A TRIBO E A ARARA

ONDE HABITAVA A FRAÇÃO PRIMITIVA DA TRIBO.
Mas, voltemos aos índios Canindés. Padre Neri Feitosa nos informa que os Canindés e Jenipapos habitaram os sertões do Curu, as margens do Quixeramobim e do Banabuiú, que falavam a mesma

Dentre as muitas táticas utilizadas pelos índios para assegurar sua sobrevivência estava a de fingir-se pacificados e aliados dos colonizadores, como acabou ocorrendo com a tribo dos Canindés, primitivos habitantes dessa região.
KANINDÉS
Município: Aratuba e Canindé. Comunidades: 1) Em Aratuba: Sítio Fernandes e 2) Em Canindé: Serra da Gameleira.
População estimada: 700 pessoas. Famílias: 130. Situação da Terra Indígena (TI): TI com visita preliminar, realizada pela FUNAI, em 2003/2004. Processo aberto na FUNAI, aguardando procedimentos iniciais de fundamentação antropológica.
A chamada Terra da Gia, foi durante muito tempo utilizada pelos Kanindé para fazerem suas plantações e caçarem, se constituindo como significativo lugar de memória para o grupo. Em 1995, após grande luta junto aos trabalhadores rurais locais, este terreno foi desapropriado pelo INCRA. Após querelas na divisão da terra, os Kanindé do sítio Fernandes ficaram com 270 hectares e continuam plantando no sistema de roçados. Em 1996, por iniciativa de José Maria Pereira dos Santos, mais conhecido por Cacique Sotero, foi aberto à visitação pública o Museu dos Kanindé, que traz em seu acervo artesanato, cujo trabalho em madeira merece destaque, instrumentos de caça e dança, entre outros. Mantido no sigilo até o ano citado, foi com o acirramento da luta por seus direitos que o museu foi exposto ao público, sendo mais uma forma de afirmação étnica do povo Kanindé. "
KANINDÉS DE ARATUBA
Índios ganham escola diferenciada.
A Escola Diferenciada de Ensino Fundamental e Médio Manuel Francisco dos Santos foi inaugurada oficialmente, na Comunidade Indígena dos Fernandes, zona rural de Aratuba, na Região do Maciço de Baturité, onde habita a etnia Kanindé.

O secretário estadual de Educação, Luis Eduardo de Menezes, que inaugurou o novo prédio, assistiu ao "ritual da purificação" apresentado por alunos da segunda e terceira séries do Ensino Fundamental. Todos fizeram uma roda em torno do pajé Maciel, responsável pela purificação do ambiente. As crianças também cantaram e dançaram o toré. "Essa dança, típica de nossa gente, é a nossa forma de celebrar, de festejar", explicou o coordenador pedagógico da Escola, Elenilson Gomes dos Santos, 21. Ontem à noite, os índios Kanindé, de Aratuba, também festejaram a inauguração da escola com o toré e o mocororó (bebida típica dos indígenas feita à base do caju).
POVO
Segundo o secretário Luis Eduardo, sete novas escolas diferenciadas estão sendo construídas no Ceará nos municípios de Monsenhor Tabosa, Crateús, Maracanaú, Pacatuba, Aquiraz a Quiterianópolis. "Para construir o prédio consultamos a Funai (Fundação Nacional do Índio) e os arquitetos são indicados pelo órgão". A supervisora do Núcleo de Educação Indígena da Seduc, Rosa Carlota de Freitas Braga diz que já funcionam 36 escolas diferenciadas com 240 professores que atendem todas as tribos do Ceará, em torno de cinco mil índios. Os professores são escolhidos pelas comunidades e formados pela Seduc. "Tem 13 livros para serem publicados, elaborados pelos alunos e lideranças indígenas cearenses", completa Rosa Carlota.
História
Os canindés têm por tradição oral serem originários da área que compreende o atual município de Mombaça, tendo percorrido junto aos seus parentes Jenipapos-canindés trajeto pelas margens do rio Curu, passando por Quixadá entre os rios Quixeramobim e Banabuiú, até chegar às suas atuais terras. A história dos canindés é marcada desde tempos remotos por uma série de deslocamentos forçados. Entretanto, conseguiram os canindés manter laços de parentesco entre as duas comunidades que compõem o grupo entre o sertão central e a serra de Baturité.
Organização
Os canindés possuem forte cultura de caça herdada de seus antepassados. Têm conhecimento de utilização de diversas armadilhas como o quixó de geringonça, que utilizam para capturar mocós, tejos, cassacos, pebas, veados, nambus, seriemas e juritis, tendo sempre o cuidado de não violar o período de gestação dos nimais. O respeito à sustentabilidade é passado de geração em geração visando à manutenção da caça através dos tempos.
Em 1996, foi aberto à visitação o Museu dos Kanindé, no qual merece destaque o trabalho em madeira com instrumentos de caça e dança, entre outros artefatos.