A preservação da memória indígena
Indígenas de 13 tribos discutem as formas de promover memórias e histórias. Visitas aos museus vão além das quatro paredes
O Museu Jenipapo-Kanindé, em Aquiraz, não se limita às quatro paredes da casa.
Nesse espaço, há sim importantes registros da memória: fotos de cerimônias, documentos, materiais como panelas de barro, cocares. Mas é fora dali que tem o que povo indígena faz questão de não esquecer. Cinco roteiros levam às lendas, às histórias e aos roteiros da tribo, que habitam o Ceará antes mesmo da chegada dos portugueses. Visitação é ótima pedida para as férias.
Nas últimas sexta-feira e sábado, 12 etnias indígenas se reuniram para trocar experiências de resgate e preservação de memória. O 2º Fórum de Museus Indígenas do Ceará, em Aquiraz, começou com o toré, um ritual indígena de dança em círculo e batida no chão, preservado até hoje pela tribo. Daniel Rudá Jenipapo, liderança jovem do povo, deixa claro que trazer a discussão de preservação de memória para hoje, quando os jovens estão cada dia mais afastados da tradição, é mais que importante, é fundamental.
“A história dos nossos antepassados passa de geração em geração e é muito bom poder dividir e somar aqui com o meu povo”, diz o jovem jenipapo-kanindé, usando cocá e pintura no corpo.
As memórias do povo das tribos vão além das quatro paredes. O coordenador do Museu, Evaldo Alves, de nome indígena Preá Jenipapo, conta que são cinco os roteiros a partir da visita: trilha pelo Morro do Urubu, que chega aos 98 metros em percurso sobre a areia da duna e da vegetação nativa, onde é possível observar o mar e toda a natureza; trilha da Sucurujuba, que percorre todo o caminho da trilha pelo Morro do Urubu e pelo Morro da Encantada, terminando com um banho na mítica lagoa; Trilha do Roçado, na qual são conhecidas as unidades produtivas das famílias nativas da aldeia; Trilha da Maré, que passa pelo percurso cotidiano das pessoas da comunidade, pelas dunas e mangues, chegando à Praia do Índio; trilha cultural, que permite o reconhecimento dos espaços coletivos da comunidade, como a Casa de Farinha, a Escola Indígena, as mangueiras; e a casa da Cacique Pequena.
Um total de 336 pessoas, principalmente indígenas, participaram do Fórum, incluindo as etnias tapeba (Caucaia) pitaguari (Maracanaú), kanindé (Aratuba), potiguara (Crateús), kalaçaba (Poranga), tapuia (Monsenhor Tabosa), kariri (Crato), tabajara (Croatá), jenipapo-kanindé (Aquiraz), gavião (Tamboril), tremembé (Itarema) e anacé (São Gonçalo do Amarante).
Serviço
Museu Jenipapo-Kanindé
Onde: No Iguape, em Aquiraz
Como chegar: Saindo de Fortaleza pela avenida Washington Soares, após o posto da Polícia Rodoviária Estadual, entrar à esquerda subindo o viaduto em direção ao Iguape.
Antes da curva final do Iguape, na placa da Lagoa da Encantada, entrar à direita.
Na primeira bifurcação em Y, entrar à esquerda. Na próxima bifurcação em Y, entrar na via da direita. Mantenha-se na estrada principal, passando por duas curvas grandes. Depois, entre na primeira rua à esquerda e, em seguida, na primeira rua à direita. A estrada faz uma curva a esquerda, que você deve seguir direto até chegar ao posto de saúde e à escola Jenipapo-Kanindé.
Museu Pitaguari
Nesse espaço tem peças de artesanato em ossos, peças usadas pelos antepassados, artesanato, ferro de engomar e panelas de barro.
Onde: No Distrito de Pedreira, em Pacatuba.
Como chegar: Siga pela CE-060. O equipamento fica na altura do quilômetro 115, próximo à Escola Maria de Sá Roriz.
Museu Kanindé
Com objetos arqueológicos expostos, arco e flecha, pintura em cerâmica, fotografias de atividades e lideranças e documentos do movimento.
Onde: Fica no Sítio Fernandes, no município de Aratuba, a 107 quilômetros
de Fortaleza.
Fotos - Aqui
Postado por: Victero Bruno