O novo presidente dos Correios, Guilherme Campos, pedirá ao Tesouro
Nacional uma injeção de R$ 6 bilhões para a estatal que passou a
comandar neste mês. Segundo ele, o valor foi calculado com base no
montante que a companhia repassou à sua controladora, a União, nos
últimos anos, além do mínimo exigido.
“Foi feita essa retirada de sangue da empresa, uma transfusão. Agora,
precisamos de um pouco do doador; ter de volta aquilo que foi retirado
para além do que é legalmente imposto”, disse Campos ao Estado. “Não
estou discutindo o que foi retirado, mas foi além da capacidade de
sobrevivência da empresa.”
Em 2015, os Correios fecharam com o maior prejuízo da história, de R$
2,1 bilhões, mas o balanço ainda não foi publicado. Este ano, a perda
já passa de R$ 900 milhões. Só nos primeiros cinco meses deste ano, a
empresa teve de desembolsar R$ 60 milhões em indenizações por falhas no
serviço de entregas.
A estatal deve recorrer a um empréstimo no segundo semestre para
conseguir honrar seus compromissos, incluindo salários de empregados e
encomendas de fornecedores. Segundo o presidente, também será feita uma
estruturação para vender alguns ativos. “Estou no meio de um incêndio”,
resume.
Para dar um alívio à empresa, o governo autorizou o aumento de 10,64%
nas tarifas dos serviços postais e telégrafos, monopólio da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Em dezembro do ano passado,
as tarifas de entrega de cartas e telegramas já foram reajustadas em
8,89%. A defasagem retirou R$ 350 milhões dos Correios em 2015. Campos
diz que os dois reajustes não conseguem recompor o caixa no curto prazo
e, por isso, será necessário o empréstimo.
Os Correios apresentaram prejuízos de R$ 313 milhões em 2013; de R$
20 milhões em 2014, e de R$ 2,1 bilhões em 2015. Antes disso, de 2007 a
2013, a estatal repassou R$ 3,8 bilhões para o Tesouro Nacional. No
período, o lucro acumulado foi de R$ 4,6 bilhões. Se a empresa tivesse
de repassar só os 25% de dividendos exigidos, as transferências
totalizariam R$ 1,6 bilhão (em valores corrigidos).
Exceção
A capitalização de empresas estatais entrou como uma das poucas
exceções à limitação de gastos públicos que deve ser estipulado pelo
governo Temer, tendo como referência a inflação do ano anterior. Além
disso, ao colocar como meta um rombo de R$ 170,5 bilhões em 2016, a
equipe econômica deixou uma reserva que engloba a injeção de recursos em
estatais.
Campos diz que os Correios estudam ampliar os negócios em três áreas
para fazer frente ao fim do monopólio de cartas pessoais e comerciais,
cartões-postais e malotes. Uma das ideias é servir de “fiel depositário”
dos documentos oficiais de todos os órgãos públicos e ser remunerado
pelo serviço.
Além disso, os Correios estão pensando em uma parceria com os órgãos
de Justiça para entregas mais eficientes de petições. Também está sendo
estudado baixar um decreto para que a estatal seja o operador logístico
preferencial da administração pública. Campos diz que a empresa tem
expertise para prestar esse tipo de serviço. Já é responsável pela
entrega do material didático em todo o País e pela logística do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem), além da entrega de leite em São Paulo.
O novo presidente já se reuniu com representantes dos 36 sindicatos
para evitar que a categoria faça greve em meio aos Jogos Olímpicos. A
data-base dos funcionários dos Correios é agosto, assim como o evento
esportivo, do qual a empresa é responsável pela logística. “Essa empresa
não sobrevive a uma greve”, afirma Campos.
Fonte-
Postado por: Victero Bruno