Desde janeiro, nove Estados registraram casos graves da doença. Pelo menos trinta pessoas morreram.
Um fluxo constante de pessoas com febre persistente acima de 38,5 graus, dores no corpo, cabeça latejando – sem que a dengue pudesse ser responsabilizada. O movimento atípico disparou o alerta: os vírus influenza, causadores da gripe, chegaram mais cedo ao Brasil. Em especial, o A (H1N1), popularmente chamado de vírus da gripe suína, responsável pela grande pandemia de 2009. De janeiro a março de 2016, o Brasil registrou 225 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) provocada pelos diferentes tipos de influenza. Ela é caracterizada por falta de ar e outras complicações que exigem internação e podem matar. Em 188 dessas ocorrências, a presença do vírus A (H1N1) foi confirmada. Ele matou 30 pessoas (dados até 12 de março). Em menos de três meses, o número de casos supera o total do ano inteiro de 2015 – quando ocorreram 141 registros e 36 óbitos.
O H1N1 causa mais preocupação porque, além de idosos e crianças, costuma vitimar outros grupos: as grávidas, os jovens, os diabéticos e os obesos. “Estamos vendo o início de uma epidemia fora de época e ainda não sabemos a razão disso”, diz o infectologista Esper Kallás, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. É possível que o vírus tenha sido reintroduzido no país por viajantes que vieram de regiões onde ele é endêmico (como a Europa ou os Estados Unidos). “Se eu estivesse numa cadeira no Executivo, tentaria apressar a vacina”, afirma.
Nesses momentos em que a natureza subverte o planejamento, a capacidade de reação dos governos é colocada à prova. Mais uma vez, ela parece limitada. “Gostaríamos de antecipar a vacinação, mas o produto ainda não está disponível. Existe um impeditivo tecnológico”, afirma Claudio Maierovitch, diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde. >>
Claudio Maierovitch: "Não há como prever se o H1N1 vai se espalhar" A composição da vacina contra a gripe é atualizada a cada ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de acordo com as mutações sofridas pelos vírus. Em setembro, a OMS divulga a formulação das doses do inverno seguinte e os fabricantes começam uma corrida contra o tempo. A campanha de vacinação do Ministério da Saúde começará apenas no dia 30 de abril. Somente os idosos; as crianças de 6 meses a 4 anos; as grávidas e as mulheres no pós-parto; os doentes crônicos e os profissionais de saúde podem receber a vacina no Sistema Único de Saúde (SUS).
Na terça-feira (29), o governo paulista anunciou a antecipação da vacinação para cerca de 3,5 milhões de pessoas. As doses de 2016 devem começar a ser distribuídas na próxima semana. >>
Gripe H1N1 chega antes da hora ao Brasil e aumenta a procura por hospitais em SP O avanço da doença tem provocado uma corrida às clínicas particulares de imunização. As principais informam que a vacina tetravalente (que protege contra duas cepas do vírus A e duas do vírus B) só estará disponível em abril. O antiviral Tamiflu, usado no tratamento da gripe H1N1, já está em falta em algumas farmácias. Na semana passada, uma campanha de vacinação extra começou em 67 municípios. “Espero que dê certo, mas ela demora cerca de 30 dias para produzir imunidade”, diz Maierovitch.
Quem receber a dose do ano passado precisa tomar também a versão deste ano, quando for oferecida. Enquanto isso, é provável que a epidemia continue a crescer e a expor as limitações da assistência à saúde.
Matéria - Epoca.
Postado por: Victero Bruno
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