Com um dia de atraso em relação ao determinado em lei, o governo federal autorizou, ontem, o reajuste máximo de 12,5% permitido aos fabricantes na definição dos preços dos medicamentos. Com a publicação da resolução da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) no Diário Oficial, algumas farmácias da capital baiana já estão repassando o aumento para o consumidor.
O reajuste já foi sentido pela advogada Nalva Azevedo, de 67 anos, que gasta, em média, R$ 300 com medicamentos por mês. “Um dos remédios que tomo custava, em média, R$ 56 e acabei de comprar por R$ 64,99. Como é de uso contínuo não tem como deixar de tomar. O problema é que esse aumento é acima da inflação e os salários não acompanham”. Ela disse ainda que nos últimos meses tem tido dificuldade para encontrar alguns medicamentos. “Não duvido que estivessem limitando o fornecimento para aguardar o reajuste, né?”.
A também aposentada Indaraina de Miranda, 64, ainda não teve que desembolsar grana extra pelos medicamentos, mas acredita que o aumento irá pesar bastante, principalmente para os idosos, população que consome mais remédios. “Vi que meu remédio de pressão já subiu, mais ainda tenho em casa duas caixas. Comprei hoje (ontem) o medicamento para o estômago, mas esse ainda não foi reajustado”, comemora.
Foto: |
Similares
Na tentativa de economizar, a aposentada Aldir Leite, 64, busca farmácias populares e muitas vezes opta por medicamentos similares. “Tomo cerca de 15 comprimidos por dia, para hipertensão, diabetes e coração. Um dos meus medicamentos de pressão já aumentou de R$ 34 para R$ 50”. Ela disse que costumava pegar alguns remédios gratuitamente no posto de saúde, mas como não tem encontrado mais, passou a comprar.
Outra alternativa para economizar é buscar laboratórios que oferecem descontos em medicamentos específicos. Por meio do cadastro com a empresa farmacéutica, o aposentado Cipriano Bomfim, 65, consegue comprar seu remédio para diabetes por um preço mais em conta. “Com o desconto, pago R$ 138 em um medicamento que custa R$ 178”. Além de diabetes, Bomfim também compra remédios para hipertensão e acaba gastando R$ 200, em média, por mês. Ao lado, listamos alguns laboratórios que oferecem programas de descontos.
Índice
O aumento de 12,5% atinge mais de 9 mil medicamentos em todo o país. De acordo com a resolução publicada pela Cmed, o reajuste nos preços dos remédios teve por base o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 9 de março de 2016, que acumula variação de 10,36% entre março de 2015 e fevereiro de 2016.
Ainda segundo a resolução publicada, as farmácias e drogarias deverão manter à disposição dos consumidores e dos órgãos de defesa do consumidor as listas dos preços de medicamentos atualizadas.
O índice de reajuste havia sido estimado, na semana passada, pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). De acordo com a associação, a alta da energia elétrica e as variações do dólar foram fatores que impactaram o percentual de reajuste. Apesar do teto de 12,5%, os clientes não necessariamente vão encontrar esse aumento em todos os produtos, pois os descontos praticados pelo mercado devem influenciar no preço final dos medicamentos.
No varejo farmacêutico, o abatimento médio é de 72% para genéricos e 16% para medicamentos de referência. “Como esse mercado é muito competitivo, os preços ficam sempre abaixo do índice de reajuste”, explica Antônio Britto, presidente-executivo da Interfarma.
Postado por: Victero Bruno
Comentários
Postar um comentário