O estilo “rouba, mas faz” não é de modo algum incomum nos políticos do Brasil. Na verdade, é mais comum do que o razoavelmente aceitável. Geralmente desponta naquela figura que já se tornou mítica, uma espécie de lenda, um símbolo de alguma coisa que sugere ser melhor funcionar o básico do que não funcionar nada.
O processo de aceitação deste tipo de líder se dá aos poucos. O raciocínio que vai se infiltrando e ganhando terreno na tolerância dos eleitores é mais ou menos assim:
“Ele rouba, é verdade, todo mundo sabe; mas as ruas da cidade são limpas quando ele governa.”
“Ele rouba, é corrupto, todo mundo sabe; mas construiu isto ou aquilo.”
“Ele rouba, embolsa nosso dinheiro, é profissional na corrupção, todo mundo sabe; mas é gente boa, fala com todo mundo e não tem cara feia.”
“Ele rouba, custeia as despesas da própria família com o dinheiro dos contribuintes, mas trouxe isto ou aquilo para esta cidade.”
A pergunta é: Você aprova o estilo “rouba, mas faz”?
A resposta vai depender de alguns fatores. Entre eles estará certamente sua capacidade de pensar com sobriedade e desapaixonadamente, de forma objetiva e razoável.
Por exemplo, pense no seguinte: as obras deixadas por um político notoriamente corrupto podem, de fato, ter trazido benefícios para a população. Um conjunto habitacional construído na gestão de um ladrão, sem dúvidas trouxe benefícios para, talvez, centenas de famílias. Um posto de saúde construído na gestão de um corrupto com certeza produziu benefícios para muitos cidadãos. Uma praça pública entregue à cidade pelas mãos de um homem de esquemas sujos certamente trouxe benefícios aos que dela passaram a fazer uso.
Mas, pense mais!
Aquele conjunto habitacional construído pelo ladrão beneficiou tantas famílias quanto realmente poderia ter beneficiado? Ou foi usado apenas como cortina de fumaça para impedir a visão das ladroagens? Aquele posto de saúde construído pelo corrupto tem a estrutura e funciona tão bem quanto poderia realmente ter e funcionar? O dinheiro daquela praça construída pelo homem dos esquemas sujos foi totalmente usado? Ou será que tais obras serviram apenas para enganar o observador, dando-lhe o básico para sua satisfação, enquanto os mais torpes acordos, os atos mais sujos, a corrupção mais podre, era praticada às escuras? Vale a pena ponderar sobre tais questões.
O político que aprendeu o estilo “rouba, mas faz” sempre conta com a satisfação fácil do eleitor. Ele oferece o básico, e as grandes festas de inauguração de cada obra servem tão somente ao propósito de esconder a sua natureza básica. Parece tão fácil enganar as pessoas desta forma, que alguns políticos se tornam profissionais nisto.
Existe, também, é claro, aquele indivíduo político broco. Como não aprendeu por experiência e nem nasceu com o tino para a coisa, não sabe enganar. Resultado: Rouba, e nada faz! Estes só servem para facilitar o caminho de volta dos mitos que “roubam, mas fazem”. Fazem o básico, diga-se de passagem.
No fim das contas, o que realmente importa é a pergunta: você realmente aprova o estilo do político que “rouba, mas faz”?
Por - Monólitos Post
Postado por: Victero Bruno