Ações seguem "efeito dominó" após protestos em Santo Antônio da Platina (PR) terminarem com cortes no salários de parlamentares.
Em uma das cidades, tudo começou com um padre. No município vizinho, os gritos indignados de uma comerciante inflamaram a população. Assim surgiram os protestos que levaram duas cidades do Estado do Paraná a baixarem os salários de seus vereadores.
Em todo o Estado, pelo menos 28 municípios já têm seus movimentos. Em São Paulo, há ações em Avaré, Ourinhos e Botucatu.
A partir dessas ações, grupos de pessoas se mobilizaram também em cidades paulistas próximas à divisa com o Paraná. Os movimentos são espontâneos. Sem vínculo entre si, geralmente começam nas redes sociais ou com um abaixo-assinado.
A pioneira é Santo Antônio da Platina (PR), cidade de 45 mil habitantes. Em julho deste ano, os políticos queriam dobrar seus salários para R$ 7,5 mil. Uma comerciante bateu boca com eles, foi filmada e virou hit na internet.
Na sessão seguinte, centenas foram à Câmara, usando nariz de palhaço. Pressionados, os vereadores aprovaram novo projeto: o salário caiu para R$ 970. “Os valores hoje são desproporcionais”, defende o advogado Felipe Ambrósio, 25. Ele vive em Jacarezinho, cidade de 31 mil eleitores onde os nove vereadores recebiam R$ 6.200 e fazem uma sessão por semana.
Eles queriam ampliar as cadeiras da Câmara para 13. Houve protestos, mas um dos vereadores ironizou e disse que a crítica vinha de “gatos pingados”. Surgiu aí uma marca registrada nos atos: os moradores adotaram a alcunha e “miaram” em frente à Câmara por duas sessões. Resultado: conseguiram a redução dos salários em 30%, mas querem redução ainda maior.
Do lado dos vereadores, há reclamações. “Eu não acho justo. Tem que valorizar o trabalho do vereador”, diz Jozé Isaías Gomes (PT). Para ele, o movimento deixou de ser pacífico. “Democracia é acompanhar a sessão com respeito, e não xingar vereador.”
O presidente da Câmara de Jacarezinho deixou uma das sessões sob escolta policial. “O que fazemos é fruto de consciência política”, responde Ambrósio.
Fenômeno
O sociólogo Rudá Ricci acha o fenômeno “fantástico”. “Começa a se esboçar a noção de que a casa legislativa tem como dono o cidadão”, afirma. “O político representa o povo. Se ele tem um salário de milhares de reais, há uma distorção; vira uma festa.”
Em Mauá da Serra, foi um padre que afirmou, numa missa, que os representantes do Legislativo ganhavam muito. Vereadores pediram sua saída. Mas após pressão dos moradores, voltaram atrás e fixaram os salários em R$ 820 (o projeto ainda será votado).
Mesmo sem protestos, há cidade do Paraná em que a Câmara propôs espontaneamente a mudança. É o caso de Cambira (R$ 970) e Ribeirão do Pinhal (R$ 900). “Tem que tomar cuidado para não virar demagogia”, diz o vereador Paulo Salamuni (PV), de Curitiba, onde há protesto marcado para diminuir os subsídios.
O cientista político Emerson Cervi, da UFPR, pondera que baixar excessivamente a remuneração pode criar uma Câmara “elitista”, formada apenas por quem não depende do salário de vereador. (das agências de notícias)
Em uma das cidades, tudo começou com um padre. No município vizinho, os gritos indignados de uma comerciante inflamaram a população. Assim surgiram os protestos que levaram duas cidades do Estado do Paraná a baixarem os salários de seus vereadores.
Em todo o Estado, pelo menos 28 municípios já têm seus movimentos. Em São Paulo, há ações em Avaré, Ourinhos e Botucatu.
A partir dessas ações, grupos de pessoas se mobilizaram também em cidades paulistas próximas à divisa com o Paraná. Os movimentos são espontâneos. Sem vínculo entre si, geralmente começam nas redes sociais ou com um abaixo-assinado.
A pioneira é Santo Antônio da Platina (PR), cidade de 45 mil habitantes. Em julho deste ano, os políticos queriam dobrar seus salários para R$ 7,5 mil. Uma comerciante bateu boca com eles, foi filmada e virou hit na internet.
Na sessão seguinte, centenas foram à Câmara, usando nariz de palhaço. Pressionados, os vereadores aprovaram novo projeto: o salário caiu para R$ 970. “Os valores hoje são desproporcionais”, defende o advogado Felipe Ambrósio, 25. Ele vive em Jacarezinho, cidade de 31 mil eleitores onde os nove vereadores recebiam R$ 6.200 e fazem uma sessão por semana.
Eles queriam ampliar as cadeiras da Câmara para 13. Houve protestos, mas um dos vereadores ironizou e disse que a crítica vinha de “gatos pingados”. Surgiu aí uma marca registrada nos atos: os moradores adotaram a alcunha e “miaram” em frente à Câmara por duas sessões. Resultado: conseguiram a redução dos salários em 30%, mas querem redução ainda maior.
Do lado dos vereadores, há reclamações. “Eu não acho justo. Tem que valorizar o trabalho do vereador”, diz Jozé Isaías Gomes (PT). Para ele, o movimento deixou de ser pacífico. “Democracia é acompanhar a sessão com respeito, e não xingar vereador.”
O presidente da Câmara de Jacarezinho deixou uma das sessões sob escolta policial. “O que fazemos é fruto de consciência política”, responde Ambrósio.
Fenômeno
O sociólogo Rudá Ricci acha o fenômeno “fantástico”. “Começa a se esboçar a noção de que a casa legislativa tem como dono o cidadão”, afirma. “O político representa o povo. Se ele tem um salário de milhares de reais, há uma distorção; vira uma festa.”
Em Mauá da Serra, foi um padre que afirmou, numa missa, que os representantes do Legislativo ganhavam muito. Vereadores pediram sua saída. Mas após pressão dos moradores, voltaram atrás e fixaram os salários em R$ 820 (o projeto ainda será votado).
Mesmo sem protestos, há cidade do Paraná em que a Câmara propôs espontaneamente a mudança. É o caso de Cambira (R$ 970) e Ribeirão do Pinhal (R$ 900). “Tem que tomar cuidado para não virar demagogia”, diz o vereador Paulo Salamuni (PV), de Curitiba, onde há protesto marcado para diminuir os subsídios.
O cientista político Emerson Cervi, da UFPR, pondera que baixar excessivamente a remuneração pode criar uma Câmara “elitista”, formada apenas por quem não depende do salário de vereador. (das agências de notícias)
Comentários
Postar um comentário