Ceará registra 680 crimes sexuais nos cinco primeiros meses do ano
VIOLÊNCIA
Consideradas agressões bárbaras e com maior apelo contrário por parte da  população, os crimes sexuais ainda são recorrentes no Ceará. Somente de  janeiro a maio deste ano foram registrados 680 casos de estupro,  exploração sexual, estupro de vulnerável e atentado violento ao pudor.  De janeiro de 2014 até agora, o mês que registrou o maior número destas  ocorrências foi maio deste ano, com 182.
Em todo o ano de 2014, foram 1.758 crimes sexuais registrados no Estado.  Alguns casos se tornaram emblemáticos diante da crueldade que foi  empregada contra as vítimas. Neste mês, do dia 1º ao dia 6, por exemplo,  foram notificados dois casos de estupro que terminaram em morte. O  primeiro aconteceu na cidade de Capistrano (a 100Km de Fortaleza) e  gerou comoção na população, diante da barbaridade das agressões  cometidas contra as duas adolescentes que foram vítima de um bando  formado por quatro pessoas.
De acordo com a Polícia, Luciana Nogueira Brito, 17, e uma garota de 16  anos saíram com um grupo de quatro homens durante a noite e foram  espancadas a pauladas e violentadas sexualmente, em um matagal, na  localidade de Pedreira.
A adolescente conseguiu fugir e chegou ao hospital local ainda com as  mãos amarradas. Luciana Brito não conseguiu escapar. O corpo foi  encontrado pela população, dentro de uma cisterna, no dia seguinte do  crime. Conforme a Polícia apurou, a vítima foi colocada dentro da  cisterna ainda viva.
Os suspeitos do crime foram capturados, no dia 3 de julho. John Lenon  dos Santos, 20, e três menores de idade, com 14, 15 e 16 anos foram  encaminhados à Delegacia Regional de Baturité, onde forma ouvidos e  autuados pelo delegado titular.
No dia 6, Apifânia da Silva Borges foi encontrada morta dentro de um  imóvel abandonado, no bairro Coaçu, em Pacajus. De acordo com a Perícia  Forense do Ceará (Pefoce), ela foi estuprada e morta por  estrangulamento. A mulher era dependente química e tinha fugido da  clínica de reabilitação, onde estava internada. Há quatro dias havia  sido dada como desaparecida.
Polícia
A delegada Érika Moura, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), diz que o  crime ainda é subnotificado, porque as vítimas se envergonham de contar  o que lhe aconteceu. "O perfil das vítimas quando elas chegam para  fazer as denúncias é muito parecido. Elas vêm até a Delegacia  envergonhadas, enfraquecidas pelas agressões que sofreram. A maioria é  encorajada por algum familiar ou amigo. Em geral, se sentem culpadas  pelo que aconteceu e tentam dar justificativas, como se a conduta delas  que tivesse motivado o crime, mas é preciso que se conscientizem que a  culpa é do criminoso", afirmou a delegada.
Segundo ela, a DDM não apura mais casos de violência sexual cometidos  por criminosos aleatórios, mas apenas os que são cometidos por pessoas  que fazem parte do convívio doméstico da vítima, no entanto a  Especializada pode registrar o Boletim de Ocorrência (B.O.) e dar as  primeiras orientações às vítimas.
Dentre os procedimentos adotados estão o encaminhamentos para o Hospital  São José ou ao Hospital Distrital Gonzaga Mota, o 'Gonzaguinha de  Messejana', para que as mulheres tomem um coquetel e passem por uma  profilaxia que deverá evitar o contágio por alguma Doença Sexualmente  Transmissível (DST) ou uma gravidez.
"Muitas mulheres, inclusive, vêm registrar o B.O. Para conseguirem este  encaminhamento para o hospital e também para o Centro de Referência da  Mulher. Mesmo que elas não queiram dar prosseguimento ao inquérito já é  importante que sejam, ao menos, acompanhadas por um psicólogo e passem  pelos procedimentos médicos adequados, para que os estupros não tenham  consequências ainda maiores", disse Érika Moura.
A delegada lembra que o Código Penal Brasileiro (CPB) prevê que no caso  de estupros contra mulheres maiores de 18 anos, a vítima só dá  prosseguimento ao inquérito se quiser. "Após o registro do B.O. Ela tem  seis meses para decidir se quer ou não representar criminalmente contra o  agressor. Por se tratar de um crime que causa um trauma muito grande, a  mulher não é obrigada a continuar com o caso. A maioria desiste",  afirmou.
Em casa
A DDM investiga estupros cometidos por pessoas que têm alguma relação de  parentesco ou afetiva com a vítima. De janeiro a maio deste ano foram  17 casos registrados, em Fortaleza. "Muitas vezes, as mulheres sequer  sabem que estão sendo estupradas, se estão sendo forçadas por um  companheiro, ou ex-companheiro a ter relações sexuais. É preciso que  isto seja denunciado".
Denúncias
As denúncias sobre crimes sexuais contra mulheres maiores de 18 anos  podem ser feitas na delegacia da área em que o fato ocorreu ou na DDM  pelo número (85) 3101.2495
Márcia Feitosa
Repórter
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