A maturidade e a responsabilidade na adolescência
A motivação para escrever esse texto sobre a adolescência não tem como deixar de assumir que surgiu devido a inquietação sobre a polêmica discussão da maioridade penal para os adolescentes infratores.
Porém não existe a pretensão de expor uma opinião ou de convencimento sobre qual seria a melhor decisão a ser tomada sobre o caso. Afinal, o momento ainda inspira um cuidado devido ao tensionamento causado pela onda de violência absurda e que tem gerado fortes emoções no debate sobre uma nova lei.
A idéia é falar um pouco sobre essa fase da vida, que os adultos tendem a esquecer, consideram-na tão chata, que apelidaram de “Aborrescência”.Uma fase de transição não pode ser considerada fácil e os adolescentes vivem exatamente esse momento difícil, em que não são mais crianças e não chegaram a vida adulta.
Independente da classe social, da cultura, os adolescentes tem comportamentos bem característicos, como uma variação de humor, irritabilidade, agitação, que oscila com “preguiça”, uma necessidade tamanha de estar com o seu grupo, que pode gerar conflitos com os familiares por não entenderem a preferência e a importância dada por eles às amizades.
É uma época de imaturidade, em que atitudes são tomadas muitas vezes impulsivamente, pois é um momento de se ter experiências e com isso a busca da tão desejada maturidade. Não se trata apenas de uma mudança física, nem podemos mensurar a adolescência em uma etapa fixa, porque não é também a idade cronológica que define essa fase da vida, mas o momento em que o adolescente se torna um jovem adulto, ele tem maior possibilidade de lidar com dificuldades, resolver conflitos, responder pelos seus atos e lidar melhor com as relações interpessoais.
Talvez seja difícil para alguns adultos, pais ou não de adolescentes, entenderem os conflitos e problemas específicos desse período, mas ao recordar a sua própria adolescência, será que não desperta a lembrança de momentos em que acreditava que poderia se arriscar, testar, provar, fazer alguma coisa “escondida” e que nada de ruim iria acontecer…
O adolescente vive o realismo fantástico, a ideia de que nada poderá atingi-lo, que o presente e o que ele entende como sendo algo importante tem que ser vivido intensamente, sem conseguir mensurar as reais consequências.
A importância dos Pais, familiares, estarem presentes e disponíveis para compreendê-los, orientá-los, é fundamental para o crescimento e responsabilidade cobrada pela sociedade, que também tem o seu papel de educar e fornecer políticas públicas para assegurar que os jovens possam viver esse período de transformação conseguindo mudar o mundo e a sí mesmo para melhor.
Para os descrentes em mudanças e na impossibilidade de recuperação de um adolescente infrator, indicaria o filme nacional: O contador de histórias, não se trata de ficção, é a história de uma mudança de comportamento e de vida de um adolescente, transformado por um outro que se dispôs a investir afeto e que provocou, como no clássico de Victor Hugo( Os miseráveis) , mesmo com um final bem diferente, uma chance de escrever uma nova história de vida.
“Os velhos desconfiam da juventude porque foram jovens.”Bruno Wx
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